sábado, 21 de dezembro de 2013

O time do Papa

Se, de fato, o sumo pontífice tem alguma influência ou algum tipo de poder divino de interferir em nosso cotidiano, isso eu não sei e nem cabe a mim e nem a ninguém julgar, pelo menos não aqui. Mas que é muita coincidência que o primeiro Papa que se assume abertamente um admirador e torcedor do futebol, que ele veja seu time campeão nacional pouco depois de assumir o mais alto posto da Igreja Católica, isso é!

O campeonato argentino, para quem está acostumado com o Brasileirão, ou com os principais campeonatos nacionais da Europa, tem um formato bastante diferenciado. O campeonato é dividido em dois torneios: Inicial – disputado entre Agosto e Dezembro – e o Final, disputado de Fevereiro a Junho. Ambos os campeões são considerados os campeões argentinos. Portanto, na Argentina se tem duas chances por ano de ser campeão nacional. A partir de 2012/2013 a Associassón de Fútbol de Argentina decidiu criar um duelo entre os campeões do Inicial e do Final, mas ainda não decidiu qual será o título dedicado ao campeão de tal torneio, nem qual a definição de quem será o efetivo campeão argentino.

O Clube Atlético San Lorenzo de Almagro é um dos times mais tradicionais da vizinha Argentina. Segundo pesquisas, é o terceiro clube de maior torcida do país, atrás apenas dos tradicionais Boca Juniors e River Plate, superando arquirrivais como o Independiente de Avellaneda e o Racing Club. É detentor de 15 títulos nacionais, se contados todos e modelos e formatações que o Campeonato Argentino já teve. Além disso, no início dos anos 2000 foi o último campeão da extinta Copa Mercosul, e foi o primeiro campeão da então criada Copa Sul-Americana.
Curiosamente ou não, ao tornar-se Papa, Jorge Bergoglio tornou-se o mais ilustre torcedor da equipe. Um clube que foi fundado em 1908 por jovens argentinos, influenciados justamente por um padre: o salesiano Lorenzo Massa.

Já passaram pelos Cuervos grandes nomes da história do futebol argentino e sul-americano, como Oscar Ruggeri, Roberto Ayala, Rodolfo Fischer, Néstor Gorosito, José Sanfilippo (maior artilheiro da história do clube), o uruguaio Paolo Montero, além do lendário goleiro paraguaio Luis Chilavert. Mais recentemente, também passaram pelo Nuevo Gasómetro – estádio do clube – nomes conhecidos do torcedor brasileiro e mundial, como Andrés D'Alessandro, Walter Motillo, Morel Rodríguez, “El Loco” Abreu, Ezequiel Lavezzi, dentre muitos outros.

Apesar de toda a história de glórias e conquistas, de heróis consagrados, as últimas temporadas do San Lorenzo vinham sendo decepcionantes. O último titulo tinha sido no Torneio Clausura de 2007 – antigo nome do Torneio Final.

Mas, na atual temporada, a equipe comandada pelo espanhol Juan Antonio Pizzi conseguiu uma boa temporada, com 9 vitórias, 6 empates e apenas 4 derrotas (uma única derrota em casa), além de ter marcado 29 gols e sofrido 17. Com isso, sagrou-se campeão 2 pontos à frente de Lanús e Vélez Sarsfield. Este último, inclusive, foi o adversário do time de Almagro no jogo do título. Um empate por 0x0, em território rival.

O elenco que deu ao “time do Papa” o 15º título de sua história é bastante mesclado, com jogadores experientes atuando lado a lado com boas promessas do futebol portenho, e marcado pela presença de apenas um jogador não argentino. O atacante uruguaio Martin Cauteruccio, justamente um dos principais destaques do time – jogador com melhor média de gols por minuto da competição. Outro grande responsável  pelo triunfo é o veterano armador Leandro Romagnoli, camisa 10 da equipe grande cérebro da equipe. Junto dele atua na armação da equipe Ignacio Piatti, artilheiro da equipe na temporada com 8 gols. Na defesa, o destaque fica pelo jovem lateral-esquerdo Walter Kannemann, de apenas 22 anos, prata da casa no San Lorenzo e titular absoluto do time; o experiente goleiro Sebastian Torrico;  e o também experiente zagueiro Mauro Cetto.

Coincidência ou não, apenas 9 meses desde o início do papado de Francisco, seu clube do coração conquista o título argentino. É possível que o cardeal Jorge Bergoglio tenha – ao tornar-se Papa – adquirido algum poder de incidir sobre os resultados do esporte mais amado de seu país natal.

Mas o título do San Lorenzo é muito mais mérito de uma equipe muito bem equilibrada, muito bem comandada e levando a sério os ideais originais do clube: dedicação, e um time sempre lutador e aguerrido.

Mas, claro, uma ajuda divina é sempre bem vinda!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Previsão para a Champions League

Enfim chegamos ao "mata-mata"! A Champions League - maior competição de clubes do mundo - conheceu no último meio de semana os 16 classificados às Oitavas de Final, que começam só na segunda metade de Fevereiro do 2014. Contudo, hoje mais cedo tivemos o sorteio que definiu como ficaram os duelos desta próxima fase da competição.
Talvez os dois principais favoritos da competição - Barcelona e Bayern Munique -  foram quem tiveram maior azar no sorteio, uma vez que conseguiram escapar de um temido duelo contra o gigante Milan, mas não conseguiram fugir de duas perigosas equipes inglesas: O Manchester City e o Arsenal, respectivamente.

Mas vamos analisar individualmente aos duelos:

Manchester City (ING) x Barcelona (ESP)
É um confronto onde, apesar de certa vantagem do Barcelona, poderemos ter surpresa.
O Manchester City já deu provas nesta temporada de que possui um ataque formidavelmente letal, independentemente de adversários. Na Premier League, por exemplo, foram 47 gols marcados, em apenas 16 partidas, média praticamente de 3 gols por partida. Só a título de comparação, o  Arsenal - líder do Campeonato Inglês - tem 33 gols marcados nos mesmos 16 jogos (média pouco superior a 2 gols por jogo).
Portanto, o time catalão, com seu poderoso meio-campo e ataque, precisa de muito cuidado, justamente no setor do campo que inspira menos confiança, que é sua defesa, que ainda carece de companhia para Piqué, e um substituto à altura de Victor Valdés, que se despede de Camp Nou no fim do ano.
Barcelona deve passar, mas não sem muitas dificuldades!

Olympiacos (GRE) x Manchester United (ING)
Mesmo em fase muito irregular, o milionário Manchester United  é  favorito contra o tradicional time grego. Mas precisará de muito cuidado
O clube inglês vive um momento de crise pós saída de Alex Fergusson, com derrotas inexplicáveis e um elenco bastante contestado, que ocupa apenas a 8ª colocação da Premier League. Apesar disso, confirmou o favoritismo na fase de grupos da Champions League, e classificou-se na primeira colocação.
Já o Olympiacos conquistou uma classificação sofrida, inclusive empatando em pontos com o Benfica, de Portugal, e ficando em segundo lugar na chave do forte PSG. Se credencia a enfrentar o tradicional clube inglês, vindo de uma inacreditável campanha no Campeonato Grego - 14 vitórias e 1 empate, em 15 jogos; 45 gols marcados e apenas 4 sofridos - e pode oferecer dificuldades aos Red Devils.

Milan (ITA) x Atlético de Madri (ESP)
Único clube italiano classificado à próxima fase da Champions League, o tradicional clube de Milão terá pela frente, dos considerados "não-favoritos" o time mais temível dentre os classificados.
O Milan vive, tal como o Manchester United, uma fase muito ruim, mesclando bons jogos, com atuações a serem esquecidas. Tem um elenco de figurões que já não rendem, e jovens que não conseguem carregar o time sozinho. Ocupa a mísera 12ª colocação no Campeonato Italiano, com apenas 4 vitórias em 15 partidas disputadas. Conquistou a classificação às Oitavas de Finais da Champions League apenas na última rodada, com um sofrido empate em 0x0 com os holandeses do Ajax. Mesmo com toda sua história de glórias e títulos, deverá ficar de fora.
Já o Atlético de Madri vive talvez o momento mais glorioso de sua história. Após os título da UEFA Europa League (2009/2010 e 2011/2012), da Supercopa da UEFA (2010/2011 e 2012/2013) e da Copa do Rei da Espanha (2012/2013), o time colchonero agora lidera o Campeonato Espanhol, empatado em pontos com o Barcelona, e tem um elenco muito equilibrado. Conquistou com facilidade a classificação na fase de grupos, empatando apenas 1 (contra o Zenit, em São Petesburgo) e vencendo todos os outros cinco jogos, contra Porto, Zenit e Áustra Wien.
Serão confrontos muito acirrados, mas o momento incrível do Atlético de Madri deverá se sobrepor à história de títulos do Milan.

Bayer Leverkusen (ALE) x Paris Saint-Germain (FRA)
Mais um duelo de favoritismo evidente. Por mais que a equipe alemã tenha um elenco competitivo, e venha se reerguendo após algumas temporadas em baixa, o milionário PSG é franco favorito.
Com uma campanha muito irregular, o Bayern Leverkusen conquistou a classificação e o segundo lugar no grupo A, apenas na última rodada, com uma vitória por 1x0 contra o fraco Real Sociedad, da Espanha, mas deixando para trás o sempre perigoso Shaktar Donetsk, da Ucrânia. Na Bundesliga, é vice líder, 7 pontos atrás do homônimo de Munique, mas 5 pontos à frente dos aurinegros do Borussia Dortmund.
Já o – agora milionário PSG – encontra como adversários na briga pelo título do Francês, recém elevado à mesma categoria dos endinheirados, o Mônaco, e o menos pretensioso Lille. O elenco fortíssimo é forte candidato ao título da Champions League, ainda que sueco Ibrahimovic e o uruguaio Cavani ainda busquem o melhor entrosamento no ataque parisiense. Classificou-se com facilidade na Champions League, num grupo que ainda tinha Olympiacos, Benfica, e o fraco Anderlecht, da Bélgica.
Sem muito esforço, PSG deve garantir o avanço às Quartas de Finais.

Galatasary (TUR) x Chelsea (ING)

Jogar bem em casa e fazer um bom resultado: esta é a receita para o Galatasaray se quiser algum papel melhor que o de coadjuvante neste duelo. O time de Drogba, Sneijder e Cia., mesmo tendo eliminado na fase de grupos a sempre forte Juventus, da Itália, não tem elenco e nem força para derrubar os ingleses. Drogba e Sneijder, estrelas do time, ainda não assumiram o protagonismo que lhes cabe, mesmo na segundo temporada que já disputam na Turquia. No Campeonato Turco, o Galatasaray é apenas o terceiro colocado, já a 11 pontos de distância do líder Fenerbahce.
Já o Chelsea precisa apenas confirmar o favoritismo, e derrotar o clube onde agora joga o maior ídolo de sua história recente. Em fase de recuperação no Campeonato Inglês, onde já ocupa a vice liderança – empatado em pontos com o Liverpool - a equipe londrina teve poucas dificuldades para conquistar a classificação na Champions League, no grupo que ainda tinha o alemão Schalke 04, o suíço Basel, e o romeno Steaua Bucaresti. José Mourinho ainda precisa encontrar o melhor encaixe para todas as peças do bom elenco que tem em suas mãos, mas está no caminho certo.
O Galatasaray tem muito poucas chances de passar. Chelsea deve classificar sem maiores dificuldades.

Schalke 04 (ALE) x Real Madrid (ESP)

O time do Schalke, apesar de muito voluntarioso, não deve chegar mais longe do que já chegou. Não só porque enfrentará um adversário favoritíssimo ao título, mas também porque seu elenco não é dos mais confiáveis. Ocupando apenas a sexta colocação no Campeonato Alemão, o time depende muito da inspiração do jovem Julien Draxler, considerado por muitos a maior promessa do futebol europeu na atualidade. É muito pouco para um time que teve recentemente em seu elenco, nomes como o espanhol Raúl, e que revelou, também recentemente, o goleiro Neuer – considerado o melhor do mundo na atualidade. A classificação na Champions League veio com a segunda colocação no grupo E, que foi liderado pelo Chelsea.
Por outro lado, o Real Madrid, apesar da fase muito oscilante no Campeonato Espanhol, faz uma temporada de Champions League praticamente irretocável. Deixou de vencer apenas uma partida: contra a Juventus, em Turim. Mas, fora isso, foram resultados muito expressivos, como o 6x1 contra o Galatasaray, jogando na Turquia. Além disso, a fase vivida por Cristiano Ronaldo é assombrosa. O luso não para de marcar gols! No Campeonato Espanhol foram 17 gols em 15 jogos disputados (empatado na artilharia com o hispano-brasileiro Diego Costa). Na Champions League foram 9 em 6 jogos. Nesta competição a equipe estabeleceu um novo recorde de gols marcados nos seis primeiros jogos (fase de grupos): os merengues foram às redes 20 vezes. E com o aprimoramento da parceria com o galês Gareth Bale, a tendência é que essa média só aumente.
Mesmo confiando no talento de Draxler, é inevitável apontar para uma classificação sem dificuldades da equipe madrilenha.

Zenit (RUS) x Borussia Dortmund (ALE)

Neste duelo, mais uma vez temos um favorito: o atual vice campeão alemão e da Champions League, Borussia Dortmund.
O time do Zenit, de São Petesburgo não deve oferecer perigo ao time de Dortmund. Conquistou a classificação num grupo fraco, sofrendo para eliminar o Porto, do afundado futebol português, e o desconhecido Áustria Viena. Conseguiu apenas uma vitória em seis jogos, além de três empates e duas derrotas. Chega a ser um crime pensar que o Zenit ficou com a classificação, enquanto no grupe do Borussia Dortmund, a equipe que ficou em terceiro lugar, o temível Napoli, conquistou 12 pontos num grupo muito mais difícil do que o dos russos. Ainda que o time lidere o fraco Campeonato Russo, nem mesmo um super-herói, como brasileiro Hulk – um dos destaques do time - salvará os russos da eliminação na Champions League.
O Borussia conseguiu manter a forte base do elenco da temporada passada, e deve garantir o favoritismo contra o Zenit. Na fase de grupos da Champions League, os alemães tiveram muita dificuldade, uma vez que caíram no grupo mais forte da competição, contra os ingleses do Arsenal, os italianos do Napoli e os franceses do Olympique de Marseille. Borussia, Arsenal e Napoli terminaram a primeira fase com os mesmo 12 pontos (o Olympique não conquistou nenhum). Os alemães e os ingleses ficaram com a vaga nos critérios de desempate. Apesar da temporada nem tão boa na Bundesliga, onde ocupa apenas a terceira posição, 12 pontos atrás do líder Bayern de Munique, o Borussia é sempre uma equipe muito forte e competitiva, sobretudo jogando diante de sua apaixonada torcida. Resta saber como a equipe conseguirá se arrumar com a iminente saída de duas de suas principais peças do elenco: o jovem alemão Marco Reus, e o artilheiro polonês Robert Lewandowski.
Borussia classifica com facilidade e deve massacrar.

Arsenal (ING) x Bayern Munique (ALE)

Azar do Arsenal pegar (novamente) nas Oitavas de Finais, o poderoso e multicampeão Bayern de Munique.
O clube londrino, líder do campeonato inglês, fez uma fase de grupos na Champions League muito boa, mas perdeu a primeira posição no grupo e a perspectiva de duelos mais fáceis na fase seguinte, no último jogo, quando foi à Nápoles enfrentar o Napoli, e acabou perdendo por 2x0, mesmo com a equipe italiana eliminada. O Arsenal é uma das grandes promessas da temporada. Vive um ano de recuperação após temporadas muito oscilantes. Contudo, ter que duelar tão cedo contra o atual campeão da competição certamente não estava nos planos de Arsène Wenger e seus comandados. Não significa a eliminação, mas significa que o caminho inglês será difícil desde o começo.
Já o Bayern Munique dispense apresentações, campeão de tudo que disputou na última temporada, mantém a excelente fase, apesar da troca de treinador. Acendeu-se um pequeno sinal de alerta ao perder a final da Supercopa da Alemanha para o rival Borussia Dortmund, logo no começo desta temporada. Mas a larga vantagem na liderança na Bundesliga (7 pontos de dianteira, adquiridos em apenas 16 jogos), e o bom início de Champions League (5 vitórias e um tropeço inesperado para o Manchester City, em plena Allianz Arena, quando venciam por 2x0 e levaram a virada dos Citzens) o credenciam como favorito, não só neste duelo, mas também para faturar o bicampeonato europeu.
A vitória do Arsenal seria uma grata surpresa. Mas, não é o mais provável. Bayern deve classificar-se.

Há muito tempo ainda entre o sorteio e os primeiros jogos, então muita coisa ainda pode acontecer. Mas só surpresas ou desastres muito grandes poderão ir contra os favoritismos já estabelecidos a partir da definição dos confrontos.

É aguardar e torcer!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A vergonha de quem está acostumado a virar a mesa

O que tem acontecido nos dias que se seguem ao fim da Campeonato Brasileiro é uma sequência de tentativas desesperadas de clubes considerados grandes, objetivando fugir do rebaixamento através de ações extra campo, movidas por vias judiciais, já que dentro de campo tais equipes foram tão ou mais medíocres e ridículas, quanto tem sido fora dele.

Fluminense e Vasco tentam arrumar brechas no regulamente para escapar de um descenço que é motivado por inúmeros outros motivos, que variam muito longe dos alegados nos recursos que movem junto ao STJD.

Convenhamos: o Vasco não foi rebaixado porque o jogo contra o Atlético-PR ficou parado (graças à briga de seus próprios torcedores) 16 minutos a mais do que a uma hora prevista como passível pelo regulamento. Uma mesquinharia que beira o desumano, visto que o jogo ficou paralisado tanto tempo tendo em vista a grave situação de alguns torcedores depois da batalha promovida entre os próprios.
O rebaixamento da equipe de São Januário é causado pela vergonha que é a administração financeira do clube. Jogadores sem salário não rendem. A derrota na última partida - em cujo resultado nada interferiu a paralisação -  foi só mais uma da temporada tenebrosa vivida pelo clube.

Convenhamos II: tudo bem que o regulamento é claro, e que o meia Héverton não deveria ter entrado em campo na última rodada, contra o Grêmio, mas que diferença isso faz nos reveses incansáveis do tricolor carioca no campeonato, ou mesmo na vitória sobre o Bahia, na última temporada? Que diferença Héverton fez no jogo contra o Grêmio, que possa ter influenciado no desempenho do Fluminense na temporada - tão vexante quanto a do rival Vasco?
Nem quero mencionar aqui a discutível imparcialidade dos julgamentos promovidos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva, sempre desfavorecendo atletas de clubes de "menor expressão".

A Portuguesa tem que ser punida? Sim.
Rebaixada? Talvez!
E o Fluminense salvo? De forma nenhuma!

Se a Portuguesa tem que sofrer punição, que sejam 5 os rebaixados, e consequentemente 5 os promovidos da Série B para a Série A em 2014! Que se rebaixe Fluminense, Portuguesa, Vasco, Ponte Preta e Náutico, enquanto suba, além dos já classificados Palmeiras, Chapecoense, Sport e Figueirense, o quinto colocado na Segundona 2013, no caso o Icasa.

Pela vergonha das temporadas que fizeram, Vasco e Fluminense deveriam jogar a Série B de 2014, com a humilhação de estar na Segundona, mas com a certeza de estar, por caminhos limpos, onde fizeram por merecer. Muito melhor do que estar na primeira divisão, mesmo sabendo do campeonato ridículo que fizeram em 2013.

Só o que não precisamos é de mais um caso em que "clubes pequenos" sejam desfavorecidos, não para pagar por seus erros, mas para beneficiar "clubes grandes". Não precisamos de mais um caso de "virada de mesa" envolvendo os grandes do Brasil, como já aconteceram, envolvendo - inclusive - o próprio Fluminense.

Nosso futebol já tem motivos pra se envergonhar, muito mais do que mais uma jogada política de influências e de poderes.

Só um último comentário, inútil, mas sincero: com a experiência de torcedor que viu seu time passar por isso mais de uma vez, jogar a Série B é triste, humilhante, vergonhoso, decepcionante, mas como todas as vivências nos "níveis inferiores", é um acontecimento enriquecedor - se não financeiramente (que é para onde todos olham), pelos menos são experiências muito importantes que podem ser adquiridas.

Fanatismo ridículo: uma sociedade sem limites.

É revoltante, vexante, vergonhoso, desmoralizante e extremamente decepcionante ver cenas como as ocorridas durante o jogo entre Atlético-PR e Vasco, na última rodada do Campeonato Brasileiro.
Briga sem explicação, violência inútil, sem sentido, iniciada não se sabe por que(m) e com que motivo.

Pra começar, os dois times disputavam coisas completamente distintas na competição: Atlético precisava de um empate para garantir a vaga na Libertadores, enquanto Vasco precisava da vitória para fugir do rebaixamento. O resultado final da partida, 5x1 para o clube paranaense, foi o menos relevante.

Todos sabem o que foi que aconteceu: o jogo ficou parado enquanto torcedores de ambos os lados protagonizavam cenas brutais e desumanas de luta-livre, enquanto a segurança do interior do estádio se omitia, e a polícia militar, que estava no lado de fora, teve dificuldades em entrar nas arquibancadas do estádio em Joinville e interceder para que a batalha campal tivesse fim.

Não bastasse isso, o caso é seguido por nova disputa, agora burocrática entre Ministério Público e Polícia Militar, um alegando que o outro interferira para que a PM não entrasse no estádio, como é praxe na maioria das partidas de futebol no Brasil.

Agora convenhamos? De que importa saber de quem é a culpa por a polícia não estar dentro do estádio? Selvagens que se dizem torcedores, como aqueles que estavam no duelo em Joinville, quando estão dispostos a brigar, não medem esforços, e ultrapassam a barreira que for, seja de Polícia Militar, seja de segurança particular.
O que queremos é a identificação de todos os envolvidos e as respectivas punições, com o banimento - não temporário, mas permanente - de sua presença em eventos esportivos. Se essa fosse a medida padrão, teríamos menos pessoas envolvidas na briga, visto que alguns dos participantes - vascaínos, no caso - já estiveram envolvidos em brigas este ano mesmo, no jogo contra o Corinthians, em Brasília.

Discutir de quem é a culpa da ausência da PM dentro do estádio, além de inútil, só acoberta as ações de violência e vandalismo. Se as torcidas realmente fossem organizadas e civilizadas, não seria necessária a presença de qualquer tipo de segurança, uma vez que - assim espero - o objetivo de ir a um estádio de futebol ainda é torcer por seu time, pela vitória do clube que o representa, não para torcer pela desgraça do adversário, nem deixar que o duelo extrapole o limite das quatro linhas.

Esse fanatismo idiota e sem controle vai acabar por terminar com as torcidas nos estádios brasileiros. É uma situação extrema, mas é para onde trilham os rumos das torcidas organizadas que tomam conta das arquibancadas dos nossos estádios.

Esse fanatismo repugnante nos faz repensar vários conceitos e idéias pressupostos, não só para o futebol, mas para a sociedade como um todo.

Uma sociedade sem limites.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Os grupos em detalhes.

A grande maioria já deve saber como foi o sorteio e como ficaram os grupos da Copa do Mundo de 2014. 
Algumas seleções deram sorte. 
Algumas deram muito azar. 
Mas, de modo geral, o sorteio fez com que se formassem grupos muito nivelados.

Faremos aqui uma breve análise da cada grupo, levando em consideração o potencial de cada seleção.

No grupo A, o Brasil tem plenas condições (e a obrigação) de vencer as três partidas e classificar-se com certa tranquilidade. Camarões, Croácia e México tem chances semelhantes. A Croácia pela juventude e consciência tática de sua equipe. Camarões pela força e velocidade, sempre muito características das selecões africanas. E o México, que leva vantagem por ser mais qualificado tecnicamente, mas vive uma fase muito instável.

No grupo B, as finalistas do último mundial - Espanha e Holanda - são favoritas, embora tenham a forte concorrência da jovem e muito qualificada seleção chilena. Se levarmosem consideração a boa fase dos holandeses, poderíamos ter a primeira zebra, com a campeã do mundo ficando fora já na primeira fase. Difícil? É! Mas é sim passível de acontecer, principalmente se levado em conta o futebol maçante e burocrático que vem sido praticado pelos espanhóis. A Austrália pode fazer o papel de algoz se conseguir tirar pontos de algum adversário. Mas não mais do que isso.

O grupo C é um dos mais nivelados. Melhor dentro do grupo, a Colômbia deve confirmar o bom momento, e Falcão García, Jackson Martínez e James Rodríguez poderão mostrar porque muitos consideram esta a melhor geração colombiana de todos os tempos. A Grécia, de Salpingidis e Samaras; a Costa do Marfim de Drogba e dos irmãos Touré; e o Japão de Kagawa e Honda, todos tem pleno potencial de brigar pelo segundo lugar do grupo.

O grupo D: o grupo da morte. Três seleções fortíssimas, campeãs mundiais brigando por apenas duas vagas. É difícil prever algo diferente de: três derrotas para a pobre Costa Rica; Inglaterra, Uruguai e Itália brigando em condições muito iguais. Eu acredito no fator regional, sendo o Uruguai um dos classificados. E se for preciso apontar o segundo classificado, entre ingleses e italianos, veja vantagem para Rooney em relação a Balotelli: os inventores do futebol ficam com a vaga.

Grupo E: mesmo não sendo cabeça de chave, a França deu sorte ao cair num chaveamento relativamente fácil, e deve ficar com o primeiro lugar do Grupo. A força equatoriana e a retranca suíça lutam pela segunda colocação, com levevantagem para os europeus. Honduras, coitado, deve ser o saco de pancadas dos adversários, oferecendo pouca resistência.

No grupo F talvez tenhamos a seleção favorita que deu mais sorte na formação dos grupos. A Argentina caiu num grupo fraco, onde Bósnia e Nigéria lutam pela segunda posição - a se confirmar o favoritismo hermano. O Irã deve ser como Honduras no grupo anterior: o adversário que todos vencerão sem dificuldades. Entre bósnios e nigerianos, a velocidade  e a experiência dos africanos deve pesar, mesmo com a crescente força do futebol da antiga Iugoslávia.

O grupo G foi o ideal para que a Alemanha possa mostrar a que veio, e por em prática todo potencial dessa fantástica geração, que tem grandes nomes desde o goleiro ao último atacante reserva. Os alemães enfrentarão três escolas muito diferentes: Gana, é quem tem menos chances, mesmo com a classificação fantástica com uma goleada histórica sobre a forte seleção egípcia; Estados Unidos, que tem melhorado gradativamente seu futebol, mais ainda sob o comando do alemão Jurgen Klinsman; e Portugal, que depende muito da inspiração do craque Cristiano Ronaldo. Mas com a fase que o gajo vive, os lusos devem garantir com facilidade a segunda vaga.

E por fim, mas não menos importante, o grupo H, considerado por muitos o mais fraco desta Copa, mas que é encabeçado pela fortíssima seleção da Bélgica, que justamente por ter sua vida facilitada pelo sorteio, deve ser classificar em primeiro lugar no grupo sem dificuldades. Argélia? Um coadjuvante sem brilho. Coréia do Sul: pode incomodar, mas carece muito de um grande craque. O forte futebol da Rússia deve ser o maior desafio aos belgas. Os russos vem numa incrível ascenção de seu futebol, e garantido o segundo - ou até o primeiro - lugar do grupo, podem incomodar seleções tradicionais mais adiante.

E assim, as grandes favoritas devem confirmar o favoritismo e chegar com muita força às fases eliminatórias. Certamente também teremos surpresas.

É aguardar os próximos seis meses para que as convicções sejam confirmadas ou postas por terra.

Aguarde também, em breve, uma análise mais detalhada e pontual de cada seleção.