sábado, 21 de dezembro de 2013

O time do Papa

Se, de fato, o sumo pontífice tem alguma influência ou algum tipo de poder divino de interferir em nosso cotidiano, isso eu não sei e nem cabe a mim e nem a ninguém julgar, pelo menos não aqui. Mas que é muita coincidência que o primeiro Papa que se assume abertamente um admirador e torcedor do futebol, que ele veja seu time campeão nacional pouco depois de assumir o mais alto posto da Igreja Católica, isso é!

O campeonato argentino, para quem está acostumado com o Brasileirão, ou com os principais campeonatos nacionais da Europa, tem um formato bastante diferenciado. O campeonato é dividido em dois torneios: Inicial – disputado entre Agosto e Dezembro – e o Final, disputado de Fevereiro a Junho. Ambos os campeões são considerados os campeões argentinos. Portanto, na Argentina se tem duas chances por ano de ser campeão nacional. A partir de 2012/2013 a Associassón de Fútbol de Argentina decidiu criar um duelo entre os campeões do Inicial e do Final, mas ainda não decidiu qual será o título dedicado ao campeão de tal torneio, nem qual a definição de quem será o efetivo campeão argentino.

O Clube Atlético San Lorenzo de Almagro é um dos times mais tradicionais da vizinha Argentina. Segundo pesquisas, é o terceiro clube de maior torcida do país, atrás apenas dos tradicionais Boca Juniors e River Plate, superando arquirrivais como o Independiente de Avellaneda e o Racing Club. É detentor de 15 títulos nacionais, se contados todos e modelos e formatações que o Campeonato Argentino já teve. Além disso, no início dos anos 2000 foi o último campeão da extinta Copa Mercosul, e foi o primeiro campeão da então criada Copa Sul-Americana.
Curiosamente ou não, ao tornar-se Papa, Jorge Bergoglio tornou-se o mais ilustre torcedor da equipe. Um clube que foi fundado em 1908 por jovens argentinos, influenciados justamente por um padre: o salesiano Lorenzo Massa.

Já passaram pelos Cuervos grandes nomes da história do futebol argentino e sul-americano, como Oscar Ruggeri, Roberto Ayala, Rodolfo Fischer, Néstor Gorosito, José Sanfilippo (maior artilheiro da história do clube), o uruguaio Paolo Montero, além do lendário goleiro paraguaio Luis Chilavert. Mais recentemente, também passaram pelo Nuevo Gasómetro – estádio do clube – nomes conhecidos do torcedor brasileiro e mundial, como Andrés D'Alessandro, Walter Motillo, Morel Rodríguez, “El Loco” Abreu, Ezequiel Lavezzi, dentre muitos outros.

Apesar de toda a história de glórias e conquistas, de heróis consagrados, as últimas temporadas do San Lorenzo vinham sendo decepcionantes. O último titulo tinha sido no Torneio Clausura de 2007 – antigo nome do Torneio Final.

Mas, na atual temporada, a equipe comandada pelo espanhol Juan Antonio Pizzi conseguiu uma boa temporada, com 9 vitórias, 6 empates e apenas 4 derrotas (uma única derrota em casa), além de ter marcado 29 gols e sofrido 17. Com isso, sagrou-se campeão 2 pontos à frente de Lanús e Vélez Sarsfield. Este último, inclusive, foi o adversário do time de Almagro no jogo do título. Um empate por 0x0, em território rival.

O elenco que deu ao “time do Papa” o 15º título de sua história é bastante mesclado, com jogadores experientes atuando lado a lado com boas promessas do futebol portenho, e marcado pela presença de apenas um jogador não argentino. O atacante uruguaio Martin Cauteruccio, justamente um dos principais destaques do time – jogador com melhor média de gols por minuto da competição. Outro grande responsável  pelo triunfo é o veterano armador Leandro Romagnoli, camisa 10 da equipe grande cérebro da equipe. Junto dele atua na armação da equipe Ignacio Piatti, artilheiro da equipe na temporada com 8 gols. Na defesa, o destaque fica pelo jovem lateral-esquerdo Walter Kannemann, de apenas 22 anos, prata da casa no San Lorenzo e titular absoluto do time; o experiente goleiro Sebastian Torrico;  e o também experiente zagueiro Mauro Cetto.

Coincidência ou não, apenas 9 meses desde o início do papado de Francisco, seu clube do coração conquista o título argentino. É possível que o cardeal Jorge Bergoglio tenha – ao tornar-se Papa – adquirido algum poder de incidir sobre os resultados do esporte mais amado de seu país natal.

Mas o título do San Lorenzo é muito mais mérito de uma equipe muito bem equilibrada, muito bem comandada e levando a sério os ideais originais do clube: dedicação, e um time sempre lutador e aguerrido.

Mas, claro, uma ajuda divina é sempre bem vinda!

Nenhum comentário:

Postar um comentário