sexta-feira, 14 de março de 2014

A neutralidade da Suíça

Quando mencionamos o nome "Suíça", a primeira coisa que vem à mente das pessoas, geralmente, são os famosos chocolates (mesmo em um país que não produz cacau); ou então a magnitude e a perfeição dos relógios que lá são confeccionados; ou ainda, a beleza e simpatia dos Alpes suíços, cobertos de neve; talvez até a imponência dos bancos ultra seguros, sigilosos e refinados.

Porém, puxando um pouco mais para o lado histórico, a Suíça notabilizou-se, sobretudo no cenário europeu, pela imparcialidade, ou melhor, pela neutralidade nos grandes momentos de crise que abalaram o continente na primeira metade do século XX: a I e a II Guerra Mundial. Conseguiu passar por estes conflitos sem "tomar parte", mesmo encravado numa região estratégica da Europa, entre a Alemanha, a Itália, a França, e o que na época era o Império Austro-Húngaro - hoje apenas Áustria.

Emblema da Federação Suíça de Futebol.
Mas essa imparcialidade também caracterizou e - em termos - ainda caracteriza o futebol suíço. Afinal, a seleção nacional nunca "fez mal a ninguém". O maior feito dos suíços foi na Copa do  Mundo de 2006, na Alemanha, quando conseguiram o feito inédito de passar toda a fase de grupos sem sofrer um gol sequer. Avançaram em 1º. lugar no grupo, na frente, inclusive, da França, mas nas Oitavas-de-Finais, mesmo tendo conseguido manter a defesa sem sofrer gols com a bola rolando, foi eliminada nos pênaltis pela seleção da Ucrânia.
Os únicos títulos conquistados pelos suíços foram nas categoriais de base, com um Campeonato Europeu sub-17, vencido em 2002, e uma Copa do Mundo, também sub-17, alcançada em 2009.

São títulos recentes, que comprovam a qualidade técnica dos jovens atletas formados no país, mas que também mostram uma deficiência e uma incapacidade de fazer estes garotos evoluírem e desempenharem todo seu talento conforme vão amadurecendo.
Esta deficiência é, em parte, explicada pelo baixo nível de qualidade do campeonato local que, apesar de concentrar times de tradição, são equipes que muito raramente conseguem algum resultado de maior expressão em competições europeias.

Contudo, aos poucos essa máxima vai se desfazendo, e os jovens suíços vão conquistando espaço no cenário europeu, atuando em grandes clubes, disputando bons e competitivos campeonatos, e conseguindo se destacar nestas competições. Dos jogadores que tem sido escalados constantemente como titulares nas últimas partidas, são muito poucos os que ainda atuam no Campeonato Suíço. A maioria está espalhada pela Europa, com destaque para a vizinha Alemanha, onde atuam boa parte destes atletas.

A começar pelo goleiro: uma das unanimidades da equipe, Diego Benaglio é sinônimo de segurança, tanto na seleção, quanto no Wolfsburg. Junto com ele, no clube alemão, joga o jovem lateral-esquerdo Ricardo Rodriguez, que apesar da juventude, já é titular da seleção.
Na outra lateral, a experiência de Stephan Lichtsteiner, titular absoluto da Juventus, o melhor time da Itália nos últimos anos. 
Shaqiri, jogador do Bayern de Munique
em partida pela Seleção Suíça.
Na defesa, o principal destaque é Johan Djourou, que depois de uma passagem não muito bem sucedida pelo Arsenal, da Inglaterra, vem mostrando melhor qualidade no campeonato alemão, pelo Hamburgo.

No meio campo, são várias as boas opções do consagrado técnico alemão Ottmar Hitzfeld - bi-campeão da UEFA Champions League, com Bayern de Munique e Borussia Dortmund (único treinador do mundo a vencer duas vezes esta competição com dois times diferentes, mas do mesmo país), várias vezes campeão alemão e suíço.
A começar pelo grande nome do time, Xherdan Shaqiri, que atua no melhor time do mundo: o poderoso Bayern de Munique. Preciso nos passes, veloz, bom finalizador e ambidestro, ainda não se firmou como titular da equipe alemã, apenas pela grande quantidade e qualidade dos jogadores desta posição no elenco bávaro.
Outros bons nomes do setor intermediário suíço são o jovem Granit Xhaka, hoje atuando no Borussia Mönchengladbah; os experientes Gokhan Inler, Blerim Dzemaili e Valon Behrami, que atuam juntos no Napoli, da Itália; além do canhoto Valentin Sotcker - um dos poucos que atuam no futebol suíço - do tradicional FC Basel.

Já no ataque, as opções mais usadas pelo comandante são Admir Mehmedi, do Freiburg; Eren Derdiyok, do Bayer Leverkusen; Josip Drmic, do Nuremberg - todos jogando na Bundesliga; além de Haris Seferovic, do espanhol Real Sociedad.

Essa nova geração, bastante talentosa, vem superando as crises que apontavam a Suíça como uma equipe que só sabia se defender, que apresentava um futebol fechado e retrancado. E tem feito isso sem, no entanto, deixar a desejar no setor defensivo.
Não à toa, esteve entre os oito melhores no ranking da FIFA em Novembro de 2013, classificando-se para a Copa do Mundo no Brasil como um dos "cabeça-de-chave".

No sorteio, teve relativa sorte ao enfrentar uma seleção fraca, que é a de Honduras, mas acabou tendo azar ao ter de encarar os perigosos e velozes equatorianos, além da tradicional seleção da França.
Tem boas chances de classificação, e pode ir longe, sobretudo com o elenco que possui. Mas acredito muito pouco que possa surpreender alguma das seleções consideradas favoritas.











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