sexta-feira, 30 de maio de 2014

"Les bleus" sem um Zidane ou um Platini

Federação de Futebol da França
Nossos carrascos nas recentes edições de Copas do Mundo vêm ao Brasil com uma seleção bastante renovada e, também por isso, um tanto inexperiente.

Mas vamos voltar um pouquinho no tempo: o que há, por exemplo, de diferente nas duas grandes gerações francesas na histórias das Copas - 1986 e 1998?
Zidane levanta o único título mundial da França até agora.
Basicamente, as duas eram comandadas por um grande craque: Platini em 1986 e Zidane, 12 anos depois. Mas ao contrário de 1998, quando o time francês, como um todo, era uma grande equipe - desde Barthez, passando por Thurram, Vieira, Petit e, claro Zizou - em 1986 a França tinha em Michel Platini e no jovem promissor Jean-Pierre Papin as suas grandes e únicas esperanças.
Embora muitos achem estranha e até duvidosa a vitória por 3x0 da equipe Les Bleus sobre o Brasil, não foi!
A geração francesa era de grande qualidade técnica, com uma defesa consolidada e muito segura, um meio-campo criativo e um ataque letal. Por isso é um erro pensar que o Brasil seria campeão naquela Copa, mesmo sem Ronaldo.

Platini: para muitos o maior futebolista francês da história
Mas para 2014, qual a grande diferença entre a atual geração francesa se compararmos com 1986 ou 1998?
Falta um Zidane!
Falta um Platini!
Falta alguém que, na hora da necessidade, quando a equipe mais precisar, decida, carregue o time nas costas. Nem Ribéry que, apesar de grande jogador, ainda está longe de ser um craque como foram seus antecessores. Nem Benzema que, apesar de bom atacante, ainda precisa muito para honrar a camisa 9 francesa. Nem Pobga, que um dia pode vir a ser esse cara, mas ainda precisa de rodagem para ganhar experiência e chance de provar o seu potencial.
Nem Nasri, nem Abidal e nem Clichy, que o técnico Didier Deschamps (que estava no elenco francês campeão em casa em 1998) acabou não convocando para a Copa. Nenhum deles seria o nome para carregar a França sobre seus ombros, ainda que todos eles, em sua medida, farão falta ao elenco franco.

Mas vamos trabalhar com o que temos.
Uma defesa firme, embora por vezes inconstante. O bom goleiro Lloris (Tottenham Hotspur), o jovem e promissor zagueiro Varane (Real Madrid), o veterano lateral Evrá (Manchester United) e o também jovem mas muito seguro zagueiro Sakho (Liverpool).
No meio estão os grandes destaques dessa nova geração francesa: volantes que marcam bem e saem para o jogo com muita qualidade: Matuidi (PSG), Cabaye (Newcastle) e Valbuena (Olympique Marseille); dois armadores que aliam experiência e juventude, ambos com muita qualidade: Ribéry (Bayern Munique) e o jovem Paul Pogba (Juventus), eleito o melhor jogador do último mundial sub-20.
E no ataque, opções razoáveis. Giroud (Arsenal) e Benzema (Real Madrid) não exímios centroavantes do mais alto nível do futebol mundial, mas são boas opções que podem completar jogadas criadas pelo meio-campo qualificado do franceses.

Mesmo não sendo "cabeça-de-chave" no sorteio do Mundial de 2014, a França acabou caindo num grupo relativamente fácil, contra a fraca Honduras; a Suíça, que nunca costuma faz mal a ninguém; e a incógnita que é o Equador, mas que também não deve oferecer muita resistência.
Passando de fase como primeiros colocados no grupo E, franceses podem ter nova "moleza" nas oitavas, pois pegariam o segundo colocado no grupo da Argentina, que deve classificar em primeira. Assim, um possível adversário seria a Nigéria e a Bósnia, que, convenhamos, teriam poucas chances, mesmo diante desta geração renovada da França.

Assim, é bom ficarmos de olhos abertos, pois, mesmo sem um Zidane ou um Platini, a França tem condições de crescer no mundial, mesmo trilhando caminhos relativamente fáceis.

Los "Hermanos" e a esperança em Messi.

Associación de Fútbol da Argentina
Depois de certo vexame na última edição, com fraca atuação de Messi e uma eliminação vergonhosa para a Alemanha por 4 a 0 nas quartas de final, muitos apostam nos “Hermanos”. Porém, eles chegam ao mundial como uma incógnita: será que o melhor jogador do mundo de 2009 a 2012 conseguirá desencantar nesta Copa? O forte ataque portenho conseguirá se sobrepor à sua frágil defesa?

É a hora e a vez de Messi mostrar que é craque e gravar seu nome como um dos maiores jogadores da história da Argentina e do mundo. Todo mundo espera que ele “desencante” em Copas. Em 2006 era reserva por ser muito novo. Em 2010, apesar de alguns lampejos, não mostrou seu potencial e saiu da África do Sul sem marcar um gol sequer. Ninguém duvida da sua qualidade, mas para ter o direito de finalmente poder ser comparado a Diego Maradona, ainda que injustamente, ele precisa dar o terceiro título de Copa do Mundo aos argentinos.

Na primeira fase espera-se que a Argentina tenha vida fácil: no mesmo grupo que Nigéria, que é a seleção que mais pode oferecer resistência ao poderoso ataque; Bósnia, o time que mais pode ameaçar a inconstante defesa; e Irã, que é um dos principais candidatos a saco-de-pancadas de toda a copa.
O provável é que a Argentina termine a fase classificatória com nove pontos e sem nenhum susto. Daí pra frente é que é o problema. Contra seleções fortes, com ataques mais qualificados, a defesa argentina vai ser colocada a prova e o estrelado ataque realmente precisará mostrar seu real poder de fogo.

Do meio de campo pra frente é praticamente uma constelação: Mascherano é o xerife da equipe e, como admirador de bons volantes, aposto que será peça fundamental em uma possível campanha bem-sucedida. Fernando Gago é outro bom jogador que forma ótima dupla com Mascherano.
Na armação, Maxi Rodriguez terá a chance de repetir o excelente mundial que fez em 2006, na Alemanha com direito a golaço salvador na prorrogação contra o México nas oitavas-de-final. Jogando ao lado dele, titular absoluto e uma das grandes esperanças dos argentinos: Ángel Dí Maria, que alia velocidade, qualidade na armação e na finalização e muita habilidade, tendo sido o principal destaque do Real Madrid, recentemente campeão europeu.

Messi, Higuaín, Agüero e Di Maria: os grandes nomes do futebol portenho.
o ataque é uma posição que deve gerar muita dor de cabeça para o técnico Alejandro Sabella. Messi é incontestável e então sobram três excelentes atacantes para no máximo duas vagas no time titular, caso for optado pelo esquema 4-3-3: Agüero é o mais provável titular, pois vem de várias temporadas jogando em alto nível e já mostrou tanto pelo seu clube, Manchester City quanto pela seleção que tem capacidade de decidir partidas difíceis; Higuaín, que fez boa temporada no Napoli , e Lavezzi, que apesar da sombra de Cavani e Ibrahimovic, tem se destacado no PSG. Os três disputam uma possível terceira vaga no estrelado ataque argentino, que ainda conta com o experiente Palacio e a contestável ausência de Tévez na lista de convocados.

O ponto fraco, e muito fraco por sinal, é como sempre a defesa. Na maioria são jogadores veteranos e que apesar de certa qualidade, são muito inconstantes e costumam falhar. Nomes conhecidos na Europa como Otamendi, do Porto - atuando por empréstimo no Atlético-MG; Ezequiel Garay, do Benfica; Pablo Zabaleta do Manchester City são os principais destaques do setor defensivo argentino, embora nunca se saiba o que esperar deles.
O goleiro, Sérgio Romero, que apesar de praticar defesas difíceis, também falha muito e não transmite segurança. Podemos esperar muitas lambanças da zaga, alguns frangos, muitos cartões e muitos gols também.

Toda essa geração de excelentes atacantes têm provavelmente mais duas copas pela frente. Messi, por exemplo, terá 34 anos em 2022.
Um craque ainda sem Copas

E eu mesmo não sendo argentino, espero que ele tome gosto por mundiais, afinal é bom demais ver o baixinho jogar.





Texto publicado por Diogo Conti