quinta-feira, 17 de abril de 2014

Não sei, não conheço, nunca vi!

Venho humildemente admitir que pouco ou nada conheço sobre a seleção do Irã, classificada para a Copa do Mundo no Brasil, em Junho próximo, e que esta postagem é muito mais investigativa do que informativa.

Emblema da pouco conhecida seleção do Irã.
Historicamente, o selecionado do Irã conquistou três títulos consecutivos da Copa da Ásia (1968-1972-1976). Além disso, classificou-se para 3 edições de Copa do Mundo, mas sempre acabou eliminado na primeira fase.

Para classificar para o mundial, apesar de pouco comentada, mas reconhecidamente limitada, o Irã conseguiu ficar à frente de um grupo com a renovada Coréia do Sul, a surpreendente seleção do Uzbequistão, além dos indecifráveis Catar e Líbano. Inclusive os iranianos, contam com uma grande vitória por 1x0 contra os sul-coreanos em Seul.
Ali Karimi: maior ídolo da história do futebol iraniano.

Contudo, depois do tri-campeonato asiático, talvez o grande fato que marca o futebol iraniano é a volta à seleção do maior ídolo da história do esporte no país: Ali Karimi. 
Meio-campista habilidoso, ótimo passador e com rodagem por clubes como Bayern de Munique e Schalke 04, Karimi é chamado de "Maradona da Ásia", por seu grande potencial. 
Guardadas as devidas proporções, a volta de seu maior ídolo - ainda não certa para o mundial - traz uma luz a um time sem grandes nomes e sem grandes expectativas para a competição.





Além de Karimi, outros jogadores que podem ajudar o Irã a, talvez não surpreender, mas ao menos a realizar uma campanha honrosa são o goleiro Daniel Davari, que atua no futebol alemão, os meias Javad Nekounam - que depois de quase dez anos no espanhol Osasuna, joga pelo Kwait FC - e Ashkan Dejagah, um dos principais destaques da seleção, e que atua pelo Fulham, da Inglaterra; além do atacante Reza Ghoochannejhad, que atua pela Charlton Athletic, da segunda divisão inglesa, e que tem sido o melhor nome dos jogos recentes de sua seleção.

No sorteio para a Copa do Mundo de 2014, o Irã foi, teoricamente, bem sucedido, afinal, apesar de ter que enfrentar os argentinos Messi, Agüero e Cia., há, mesmo que remota, a possibilidade aos iranianos de classificação. Ainda assim, é uma classificação muito complicada, visto que as seleções de Nigéria e Bósnia são mais completas e qualificadas.

É uma tarefa difícil para o técnico português Carlos Queiróz e seus comandados. Talvez uma das mais complicadas entre os 32 classificados para o mundial. Porém, às vezes o fato de não conhecermos a equipe não significa que ela não poderá nos surpreender.

Seleção Iraniana: a menos conhecida da Copa do Mundo.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Grécia: a seleção dos feitos homéricos!

Grécia: um país recortado por muitas e muito belas ilhas; uma civilização multi-milenar; uma cultura e uma mitologia fantásticas... e um futebol mediano.

Localizada no extremo Sul da região balcânica, numa área estratégica entre o Sul da Europa e sua ligação via Mediterrâneo com a Europa e com a Ásia, historicamente a Grécia é uma das civilizações mais antigas e mais bem estruturadas do Ocidente.

Zeus, o deus dos deuses na mitologia grega.
Sua mitologia é, sem dúvidas, uma das mais reconhecidas e revisitadas da história da humanidade, mesmo em nosso dia-a-dia. Quem nunca imaginou o Olimpo, rodeado por Zeus, Posseidon, Apolo, Afrodite, Hermes, Hera e Cia. além de Hércules, ninfas, sátiros, etc?

Além disso, a Grécia é considerado o berço de conceitos como o de democracia, da filosofia ocidental, da literatura ocidental, da ciência política e das artes cênicas. Mas para o assunto que queremos tratar - mesmo que não diretamente - a maior invenção da civilização grega foi, certamente, a dos Jogos Olímpicos, seja em sua versão Antiga, mas sobretudo na chamada Era Moderna dos jogos.

A ideia de reunir os melhores competidores do mundo em suas respectivas modalidades, todos em um único evento, é o que move as Olimpíadas e o que mobiliza o "planeta bola" também para a Copa do Mundo. E é para a Copa do Mundo que a Seleção Grega de Futebol vem ao Brasil em 2014.

Seleção Grega comemora o título da Euro/2004.
No futebol, como na história de sua civilização, onde se acumulam feitos Homéricos ou Hercúleos - como preferir definir - a seleção grega precisa de um quê de heroicidade para conquistar resultados expressivos. 
São apenas duas participações em Copas do Mundo (1994 e 2010), além desta próxima, e apenas três participações em Eurocopas, tendo alcançado o título, 10 anos atrás, em Portugal, numa fantástica final contra os donos da casa. Um feito histórico, heroico, homérico, hercúleo e todos os adjetivos que possam ser conferidos e que dignificam uma seleção sem brilho e sem glórias.

Seleção Grega de Futebol

Para 2014 o time grego não aponta muitos sinais de melhoras. É formado predominantemente por jogadores veteranos, que já fizeram seu melhor pelo país e que hoje não rendem tanto quanto um dia já renderam. E a safra de renovação não é boa: são jogadores medianos que não conseguem se firmar em seus clubes. Além disso, faltam boas opções de reposição ao técnico português Fernando Santos.

Os principais nomes que vem ao Brasil são os já conhecidos Karagounis, atualmente no Fulham, da Inglaterra; do PAOK o atacante Salpingidis e o meia Katsouranis; e o gigante Samaras, que atua no campeonato escocês pelo Celtic.
Elenco grego que vem ao Brasil em Junho.

Da nova geração, nomes que podemos destacar são os defensores o Olympiacos Holebas e Maniatis, além do também defensor Sokratis, do Borussia Dortmund e o lateral Torosidis, da Roma.

Como podemos ver, e como tem sido recentemente na história do futebol grego, a defesa vem em primeiro plano. Não perder é o primeiro objetivo.

Porém, infelizmente para a nobre e grandiosa cultura grega, isso é muito pouco.
E para enfrentar um grupo, que não é dos mais fortes, mas um dos mais nivelados, uma defesa razoável não é suficiente.
Por isso, por mais que a Grécia possa estar (quase) no mesmo nível de seus adversários, uma classificação à segunda fase da Copa do Mundo seria uma surpresa bastante grande.
E a chegada da Grécia às fases finais do mundial... isso sim seria um feito homérico.











Onde os Estados Unidos não imperam!

É de conhecimento público e geral o tamanho do poder de influência e de coerção do Estados Unidos da América em relação aos demais países do mundo, sobretudo nos campos da cultura, da economia e da política. É o espírito "apaziguador" do americano, cumprindo seu papel de "mediador dos problemas mundiais", publicados no problemático e soberbo "Destino Manifesto".
Tal prepotência é amparada por um arsenal militar, como todos sabem, amplo e com alto poder de destruição, e pela capacidade de persuasão da maior economia mundial, com um PIB que representa aproximadamente 23% de todo o dinheiro circulante no planeta - cerca de 15 trilhões de dólares - segundo dados de 2012 do FMI.

Todo este poder financeiro acaba sendo refletido na questão esportiva, afinal, os investimentos no desenvolvimento da prática de determinados esportes, iniciados desde a infância dos jovens estadunidenses, são muito maiores. É assim em boa parte dos esportes coletivos, em que os EUA são, se não a maior, uma das maiores potências em competições internacionais. É o que acontece, por exemplo, no voleibol, no basquetebol, no rúgbi, no beisebol - considerado o esporte nacional - além das individualidades que acabam despontando em outros esportes, também graças à condição financeira que permite o acesso aos mais variados e mais avançados campos de treinamento de praticamente todos os esportes.

Contudo... para nossa alegria, ou para a tristeza dos americanos, o futebol - o nosso futebol, ou o soccer para eles - é uma das poucas modalidades esportivas que eles ainda não estão na elite, pelo menos no masculino, visto que no feminino a seleção norte-americana já é uma das potências.

US Team vem ao Brasil em busca de melhores resultados.
Quatro títulos da Copa Ouro da CONCACAF (equivalente à nossa Copa América); um terceiro lugar na primeira Copa do Mundo no longínquo ano de 1930; e um 2º e um 3º lugar em Copas das Confederações - (2009 e 1999, respectivamente). Estes são os resultados mais expressivos dos atletas da terra do "Tio Sam" em competições internacionais. Poucos e pouco expressivos, se considerarmos a consolidada grandeza deste país em outras modalidades esportivas.

Mas está muito enganado quem pensa que o US Team é fraco e vem ao Brasil só para ser coadjuvante. Talvez, pelas dificuldades que irão encontrar, acabem sendo mesmo meros coadjuvantes. Porém, é uma equipe bem estruturada, defensivamente um tanto instável, mas com um meio campo forte e ofensivamente muito produtiva. Além disso, conta com um treinador muito inteligente - o alemão Jürge Klinsmann - e um elenco bastante misto entre jovens como o meia Julian Green, do Bayer de Munique e o atacante Juan Agudelo - colombiano naturalizado estadunidense - que atua no New England Revolution, emprestado pelos holandeses do Utrecht.
Landon Donovan, grande destaque da seleção norte-americana.
Jogadores já consagrados no mundo do futebol, como o volante Jermaine Jones, do Besiktas da Turquia; o ótimo goleiro Tim Howard, com passagem pelo Manchester United e há quase 10 anos titular incontestável da meta do Everton; o meia-atacante Clint Dempsey - capitão da equipe - hoje atuando pelo Seattle Sounders, e que já jogou na Premier League por Fulham e Tottenham; e o atacante Landon Donovan (foto ao lado): um dos mais consagrados jogadores americanos de futebol, ídolo máximo do esporte no país e com passagens pela Alemanha e Inglaterra, ainda que seu grande sucesso tenha sido e continue sendo na MLS, jogando pelo milionário Los Angeles Galaxy.
E ainda, jogadores que chegam ao mundial na grande fase de consolidação de suas carreiras, como o bom atacante do Sunderland, Jozy Altidore; o volante Michael Bradley, companheiro do goleiro brasileiro Julio César no Toronto FC; também no meio-campo são peças importantes de Klinsmann o sérvio-americano Sacha Kljestn, do belga Aderlecht; Brek Shea do Stoke City e Alejandro Bedoya, jogador do Nantes, da França.

Não fosse o fato de ter caído no complicado Grupo G da Copa do Mundo, com a fortíssima Alemanha, Portugal de Cristiano Ronaldo, e a sempre qualificada seleção de Gana, a certeza de que teríamos os Estados Unidos nas Oitavas-de-Finais do mundial seria muito maior. Contudo, por culpa deste grande azar no sorteio, e pelo calor que pode enfrentar jogando em Natal, Manaus e Recife, acho muito complicada e muito pouco provável uma classificação americana.

Sendo assim, continuará sendo o futebol uma das modalidades esportivas onde o poder econômico e político norte americano ainda não consegue interferir e continuará a hegemonia nas mãos de sul-americanos e europeus.