sexta-feira, 14 de março de 2014

De Roger Milla à Samuel Eto'o: Camarões na Copa do Mundo

Um país cujo território permaneceu quase que totalmente livre das invasões europeias, pelo menos até metade do século XIX, mas que se tornou, depois disso, colônia alemã, e no período pós-Primeira Guerra Mundial, virou alvo de intensa disputa entre franceses e ingleses, até a sua independência, em 1961.

Hoje o país é uma força econômica no continente africano, sobretudo por seu território relativamente vasto, e bastante propício à agricultura, com destaque para a produção de café, algodão e outros produtos. Contudo, como é de conhecimento da maioria, a divisão de renda em países como Camarões e muito desigual, tornando um país muito rico, com boa parte da população extremamente miserável.

No futebol, toda a grandeza do país está representada em conquistas: 4 títulos do Campeonato Africano de Nações; campeão da Copa das Nações Afro-Asiáticas em 1985; campeão do futebol nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, além de campanhas destacadas em Copas do Mundo, sobretudo na edição de 1990, na Itália, quando a seleção chegou às Quartas-de-Finais.
Nesta edição, na primeira fase, classificou-se em primeiro, mesmo estando em um grupo difícil com a depois vice-campeã Argentina - derrotada na primeira fase pelos camaroneses - e a União Soviética.
Depois de passar pela Colômbia na segunda fase- com direito a prorrogação - caiu diante da Inglaterra, também no tempo extra.

Além dos bons resultados e do ótimo futebol apresentada pelos camaroneses, que acabou encantando o mundo da bola, este mundial trouxe à mídia um grande atleta deste país: Roger Milla. Um autêntico "camisa 9", artilheiro, bom finalizador, e mesmo já contando 38 anos em 1990, foi autor de 4 gols naquele mundial. Milla foi elevado à categoria de herói nacional e ganhou o merecido reconhecimento em seu país de origem, uma vez que na Europa, sobretudo na França, já era um nome bastante comentado, principalmente depois de suas passagens por clubes como Mônaco, Montpellier, e sobretudo pelas passagens por Bastia e Saint-Étienne.
Milla em campo por Camarões

Roger Milla, 4 anos mais tarde, nos Estados Unidos, se notabilizaria por ser o jogador mais velho da história a jogar e a marcar um gol em Copas do Mundo, com 42 anos e 39 dias. Pena que os recordes foi alcançados na partida em que os camaroneses foram derrotados pelos russos por 6x1. Também é de pouco conhecimento que nesta mesma partida outro recorde em Copas do Mundo foi estabelecido: o de maior número de gols marcados por um mesmo jogador numa única partida: o russo Oleg Salenko. 
Também compunham o grupo de Rússia e Camarões, o Brasil - futuro campeão - e a Suécia, que acabou na 3ª posição do mundial de 1994.

Ainda assim, o feito de Milla ficou eternizado na história do futebol camaronês e o tornou um mito e um dos maiores jogadores de todos os tempos em seu país.

Depois disso, Camarões tem passado longe dos holofotes no futebol, principalmente na Copa do Mundo: participações apagadas, sendo eliminado na primeira fas
e em 1998, na França; 2002, no Japão e na Coreia do Sul; e 2010 na África do Sul. Em 2006, na Alemanha, nem mesmo conseguiu ficar entre os melhor do continente e classificar-se para o mundial.

Mesmo assim, conseguiu títulos continentais importantes nesse período, e chegou à final da Copa das Confederações em 2003, perdendo a final para os anfitriões franceses, na prorrogação.

Contudo, essa edição da competição ficou marcada pela morte do meio-campista camaronês Marc-Vivien Foé, durante o segundo tempo da semi-final, disputada contra a Colômbia. Foé sofreu um infarto fulminante em campo e, mesmo com as inúmeras tentativas de reanimá-lo, acabou falecendo pouco depois de chegar ao centro médico. 
Homenagem de colegas à Marc-Vivien Foé.
Foé foi homenageado por companheiros da seleção camaronesa na cerimônia da entrega de medalhas da Copa das Confederações. Além disso, Manchester City  e Lyon aposentaram o número da camisa com a qual o camaronês havia atuado nestes clubes (23 e 17, respectivamente).
Segundo reza a lenda, durante o intervalo, antes de voltarem para o gramado para disputar o segundo tempo daquela semifinal, Foé teria dito à seus companheiros: "Garotos, mesmo se for preciso morrer no gramado, nós temos que vencer esta semifinal".

Superada a tragédia, a seleção camaronesa vem ao Brasil em 2014 com esperanças renovadas e colocadas sobre seu grande herói/xodó/craque da história: Samuel Eto'o.
Maior artilheiro da história do país, maior artilheiro da história das competições africanas, com passagens consagradas por gigantes europeus como Barcelona e Internazionale, e recém-chegado ao Chelsea, Eto'o é apontado por muitos como o melhor jogador de futebol africano de todos os tempos.

Samuel Eto'o: a grande esperança camaronesa para 2014
Contudo, a fase de Eto'o na seleção, e do grupo todo de uma forma geral não é das melhores: discordâncias táticas entre jogadores e o treinador alemão Volker Finke; indícios de racha no elenco, causados pelo estrelismo excessivo de Eto'o...
Fato é que o elenco camaronês não é dos melhores, e deve sofrer para conseguir algo na Copa do Mundo. Além de Eto'o, poucos são os jogadores que merecem destaque. Alexander Song, que atualmente joga no Barcelona é uma das exceções: bom marcador, é alto e tanto pode atuar como zagueiro quanto como jogador de contenção no meio-campo. Além dele, o veloz lateral esquerdo Benoit Assou-Ekotto (que disse que detesta ver futebol), hoje no Queens Park Rangers, da segunda divisão inglesa. Também o centroavante Pierre Webó, do turco Fenerbahce, artilheiro, finalizador nato. Outro que atua no futebol da Turquia é zagueiro Aurelien Chedjou, titular absoluto do Galatasaray. Ainda há, o jovem e veloz Vincent Aboubakar, que atua na Ligue 1, pelo Lorient. E o goleiro Idriss Kameni: um dos poucos arqueiros do futebol africano que tem plena e total confiança de seus companheiros, treinador e torcida. Atualmente Kameni defende o Málaga, da Espanha.

Então, pela chave equilibrada em que caiu, Camarões pode ter chance de classificação na Copa do Mundo ao, confirmando-se o favoritismo do Brasil, disputar o segundo lugar do grupo com Croácia e México: equipes que estão num nível um pouco melhor em relação aos africanos, mas que podem ser superadas se os camaroneses conseguirem encaixar o grupo para a disputa do mundial.

O grupo de Camarões na Copa do Mundo: o Brasil de Neymar; a Croácia de Modric; Chicharito Hernández, do México; e o prórpio Camaronês Samuel Eto'o.













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